Banho de espuma

Que tal nós dois?
Numa banheira de espuma
Seu corpo caliente, um dolce far niente
Sem culpa nenhuma
(Rita Lee)

— Eu queria tanto ficar no quarto 7. Deixa vai?

— Dani, não posso colocar criança neste apartamento. Ele é especial. O preferido dos noivos. Tem banheira, decoração, as crianças vão bagunçar.
— Juro, prometo que elas não farão nada de errado. Vou controlar meus filhos. Deixa vai?
— Tá bom, vou deixar. Estou confiando em você. Se der algo errado, você sabe, Nil vai me matar…
— Juro, prometo!

Reserva feita, na semana seguinte, Marco e Dani chegaram com os filhos, Rosa e Augusto. Eles são de Curitiba. Vieram pela pousada pela primeira vez em 2013. A pousada não tinha um ano ainda. Augusto, bebê, também não tinha. A Capela, portanto, tornou-se a casa de praia deles na Bahia. Sentem-se à vontade. Se tornaram amigos queridos.
A estadia corria tranquila e feliz, como sempre. Depois da praia, Dani e Marco estavam na piscina conversando com Guta e Mineiro, irmã e cunhado, e conosco quando Rose veio correndo, nervosa, esbaforida, chacoalhando as mãozinhas, nervosa com a notícia que tinha de dar.

— Mamãe, aconteceu um probleminha lá no quarto. Vem nos ajudar?

O olhar assustado da menina fez com todos nos levantássemos para ver o que tinha acontecido. Quando chegamos perto da varanda, o mistério se esclareceu. Uma gorda espuma branca escorria na grama depois de percorrer toda a varanda de tábuas de madeira e o piso de cimento queimado que levava a banheira jacuzzi no fundo do quarto.

— Rosa, Augusto!!!! O que vocês fizeram??????, gritou Dani.

Nil, rápida como um raio, tratou-se de socorrer as crianças, de quem ela tanto gosta.

— Podem ir, eu dou um jeito aqui. Voltem agora para para a piscina.

“Na velocidade da luz, Nil resolveu tudo sob um inesquecível olhar fulminante da Claudia, enquanto eu fazia cara de paisagem”, recorda Dani. “Ela foi num pé, voltou noutro, disse que estava tudo resolvido. E a gente, claro, abriu outro espumante. Pra relaxar.”

Juro que não lembro do meu olhar fulminante. Mas se ela lembra é porque foi assim mesmo. Aprendi a fazer olhar de Medusa com minha mãe. E ele é poderoso. Desculpe Dani e obrigada pela linda história.

Rosa, Marco, Dani e Augusto, clientes mais que amigos com muita história na Capela. Foto de janeiro de 2022.
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